Casa Flores de Jagube – Uma casa de rezo nos campos gerais

A equipe TrilhaTodoDia foi conferir a prática do Temaskal (depois contamos mais sobre o Temaskal para vocês) na casa Flores de Jagube, da Ananta Oliveira. Ao chegar lá fomos calorosamente recebidos pela proprietária, que cuidou para que nos sentíssemos em casa logo no primeiro instante.

Não dá para dizer se a sensação era de estar na casa dos nossos avós do campo (mas nossos avós não eram do campo), ou se era apenas a atmosfera de um lugar especial. Sim, porque o lugar é especial, a gente sente de cara. O caminho até lá já prenunciava este encontro. As copas das árvores fechando as estradas de mão única, parte asfaltada e parte de chão, tudo na bela região dos campos gerais do Paraná.

A casa propriamente dita tem uma arquitetura como não se vê mais hoje. Toda em madeira, ambientes amplos, móveis artesanais, tapeçaria feita a mão. Uma pequena lojinha de roupas indianas e artesanato indígena. Mística, colonial, confortável. Acolhedora. Tudo ao mesmo tempo.

O fim de semana que passamos lá foi espetacular, saímos renovados pelo Temaskal seguido de uma comidinha vegetariana revigorante, uma noite tranquila e um dia de aventuras nas cachoeiras da Boa Sorte. Mas o espaço da casa tinha algo mais que ficava no ar e nós não soubemos decifrar completamente até viver o ambiente e poder finalizar a estância com uma deliciosa conversa com a Ananta.

Ananta Oliveira: Guardiã da Casa Flores de Jagube.

Entrevista com Ananta Oliveira, guardiã da Casa Flores de Jagube:

TTD: Ananta, por que existe a Casa Flores de Jagube?

Ananta Oliveira: Há quatro anos eu buscava um lugar que pudesse receber os povos originários para realizar cerimônias de cura dos corpos físico, mental e espiritual. Encontrei este lugar aqui, no distrito de Itaiacoca, perto de Ponta Grossa. Rodeado por rios e cachoeiras, céu azul e tranquilidade, este lugar já foi muito rezado pelos Guaranis e outros povos originários! Meu propósito é sustentar esse ambiente que favorece o processo evolutivo de todos nós, por intermédio do conhecimento dos povos originários.

TrilhaTodoDia: E como são compartilhados esses conhecimentos?

Na casa de rezo são realizadas cerimônias com ayahuasca e rapé, além de outras medicinas da floresta. Mas também realizamos vivências. A última foi no Natal, em que recebemos mulheres-pajés da etnia Shanenawa, que compartilham neste local a força da ancestralidade feminina com pessoas interessadas na cura do feminino. As vivências são as cerimônias que eu mais curto, porque podemos colocar todos os sentidos em conexão com o divino. A música tem uma força arrebatadora. O espetáculo da fogueira, dos tambores, das vibrações que os nossos próprios pés transmitem ao chão e vice-versa. As cores, as roupas, o luar de Itaiacoca. Enfim, tem que vir aqui para entender.

TrilhaTodoDia: Vocês fazem etnoturismo?

Ananta Oliveira: Essa pergunta é interessante. Fazer etnoturismo seria algo como fazer turismo em terras indígenas. Não é exatamente o caso, porque aqui não estamos numa reserva indígena nem vamos “espiar” um dia na vida de uma tribo. O que fazemos atualmente aqui é promover um encontro intercultural. Embora toda a terra brasileira seja originariamente uma terra indígena, os povos indígenas são expressamente convidados a nos visitar para compartilhar seus saberes, ensinar os nawas (como as pessoas não indígenas são chamados por eles) algo sobre sua cultura e espiritualidade. Essa é a vocação da Casa Flores de Jagube. Receber com amor povos originários e nawas e promover curas! Nesse espaço, podemos congregar as coisas boas que os povos indígenas generosamente nos transmitem. E nós, nawas que estamos em busca da evolução, também temos coisas boas para compartilhar.

TrilhaTodoDia: E porque “Flores de Jagube”? Afinal, que planta é o Jagube?

Ananta Oliveira: A medicina do Ayahuasca é feita da combinação de duas plantas, uma delas um cipó, o Jagube. A outra é a Chacrona. É o Jagube que traz a força e a delicadeza para o Ayuasca. A Chacrona traz a miração.

TrilhaTodoDia: E quanto à pousada, qual o diferencial?

Ananta Oliveira: Neste espaço sustentamos o ambiente ideal para cultivar aquela paz interna tão necessária à pessoa que vem buscar um momento de relax, um retiro, ou mesmo uma cura. Para ajudar, posso aplicar a terapia ayurvédica, o reiki e também ministrar florais. Sou terapeuta ayurvédica, reikiana e também posso aliar esse saber à pajelança que desenvolvi após longo contato com vários pajés e curandeiros de muitas tribos da América do Sul. Posso transmitir e trocar com muita alegria junto aos hóspedes. A comida é outro diferencial. As verduras são cultivadas aqui mesmo com todo o carinho e manejo orgânico. Nesta chácara temos o hostel com quartos e suítes, mas também há espaço para acampamento.

TrilhaTodoDia: Quem veio até aqui pode fazer o que mais?

Ananta Oliveira: A região de Ponta Grossa é abençoada com dezenas de rios e cachoeiras que estão abertas a visitação. Nos arredores da Chácara, temos a cachoeira da Mariquinha (18 km), do Bom Sucesso (11km), a Lagoa Dourada e o Buraco do Padre. E para quem vier no inverno, indico as festas juninas do vilarejo Biscaia. As festas da igreja são um capítulo a parte, que eu conto para vocês próxima vez!

Serviço: Casa Flores de Jagube (@floresdejagube) fone 42-999298563.

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(1) Comentário

  1. André

    Só alegria. Haux, Haux.

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